Isto tem o seu lado de cómico, afinal de contas. Reparem: durante muito tempo não queria entregar os OI, decisivos para a avaliação; agora, os ditos OI, dizem-nos, afinal não contam para nada, e os que não entregaram aparecem a dizer que a única coisa obrigatória é auto-avaliação. Como é que as pessoas são depois avaliadas num sistema que assenta essencialmente na hetero-avaliação é que ainda ninguém me conseguiu explicar, claro. Mas isso também não conta muito: agora todos se sentem apoiados num parecer produzido pelo distinto dr.Garcia Pereira, que, pago pelos professores, concluiu que tudo isto é inconstitucional. Espantoso: um especialista pago pelos professores produz um perecer que sustenta o que os mais teimosos desconfiaram desde sempre! Extraordinária alquimia.
Talvez o país prefira saber que os professores, agora, afinal, pretendem zelar pelo perfeito cumprimento da lei – não fosse , claro, estar toda a gente preocupada com a crise, e não com a birra dos professores. Birra, sim, porque a atitude e a vontade em (não) ser avaliado é a mesma, apenas mudou a estratégia, mais uma vez sob a brilhante batuta do dr.Paulo Guinote - que soube arrastar a Fenprof, depois de esta sempre ter dito que esta questão não ser uma questão que se resolvesse nos tribunais. De repente, passou a ser.
Agora a Fenprof quer, para além do famoso cordão humano a unir a 5 de Outubro - que dará óptimas imagens de helicóptero, e quiçá mesmo fotos para colocar no Google Earth - a São Bento, prometem estender a luta pelo 3.º período. Que é o mesmo que dizer, o suicídio: quando os pais dos nossos alunos perceberem que esta fantasia se prolonga pela altura de preparação dos exames, vão cair na realidade. Talvez, nessa altura, também os meus colegas. Se bem me lembro, foi para “salvar” o 3.º período que a Fenprof assinou o memorando com o Ministério em Abril passado. Seria este ano que iria radicalizar a luta? Claro que não.